Introdução
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Na manhã de 6 de novembro de 2024, a moeda norte-americana inverteu o movimento de alta e fechou em queda de 1,26%, cotada a R$ 5,67. Esse recuo do dólar, impulsionado pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, é um reflexo da instabilidade no cenário econômico global, onde políticas protecionistas e aumentos nos juros americanos têm impacto direto no Brasil. O mercado financeiro brasileiro, já sensível às movimentações internacionais, também refletiu a vitória de Trump com queda no índice Ibovespa e variações nas projeções de juros e inflação.
O Efeito Trump e a Instabilidade do Dólar
A vitória de Donald Trump, o 47º presidente dos Estados Unidos, causou uma série de reações no mercado internacional. Trump, que defende políticas econômicas protecionistas, pretende intensificar as tarifas de importação e reduzir o comércio com a China. Com a alta dos juros futuros nos EUA, o dólar inicialmente subiu para R$ 5,86. No entanto, a valorização não foi sustentada, e logo o mercado ajustou a cotação para R$ 5,67, um indicativo de que os investidores passaram a realizar lucros após a alta inicial.
Política Econômica e Aumento nos Juros
A política econômica de Trump também provoca incertezas, especialmente em relação aos juros nos Estados Unidos. A perspectiva de juros mais altos, essencial para combater a inflação, tende a valorizar o dólar, o que poderia aumentar o endividamento americano e elevar o custo de produtos no mercado interno dos EUA.
Reflexo nos Juros Brasileiros e na Selic
Em paralelo, o Banco Central do Brasil (BC) também age para controlar a inflação. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no mesmo dia levou o mercado a projetar um aumento na taxa Selic, atualmente em 10,75%. Um aumento da Selic torna os títulos brasileiros mais atraentes, pois oferecem retorno mais elevado, incentivando o investimento estrangeiro e, consequentemente, contribuindo para a valorização do real frente ao dólar.
Movimentação no Ibovespa
O principal índice de ações da B3, o Ibovespa, operou em baixa após a vitória de Trump, fechando com queda de 0,21%, aos 130.391 pontos. Embora o índice tenha registrado um leve avanço de 1,87% na semana, a incerteza com relação às políticas econômicas do novo governo americano aumenta o risco de queda nos próximos meses, caso o protecionismo de Trump afete as exportações brasileiras.
Queda de 3,33% no Dólar na Semana e Expectativa de Alta nos Títulos Públicos
Mesmo com a queda do dólar de 3,33% na semana, o mercado observa com cautela os próximos passos do governo americano. O efeito Trump nos juros internacionais pode elevar as taxas de retorno dos títulos públicos americanos (Treasuries), que atraem investidores por serem considerados investimentos seguros.
O Impacto do Protecionismo Americano para o Brasil
A agenda econômica de Trump traz implicações diretas para o Brasil, especialmente no comércio exterior. Caso os EUA intensifiquem as restrições à China, o impacto também poderá atingir o mercado brasileiro, que depende do comércio com a China para manter uma balança comercial equilibrada. Segundo Welber Barral, consultor em comércio internacional, o protecionismo americano pode ser um risco indireto para o Brasil, reduzindo as exportações e diminuindo a entrada de dólares, o que pressionaria ainda mais a inflação nacional.
A Influência do Copom e o Papel da Selic
A reunião do Copom traz uma perspectiva de aumento na Selic, o que torna o cenário atrativo para o real. Com a elevação de 0,50 ponto percentual, a Selic passaria para 11,25% ao ano. Essa taxa de juros elevada atrai investimentos, favorecendo a entrada de capital estrangeiro no Brasil. Matheus Pizzani, economista da CM Capital, afirma que o mercado espera que o aumento da Selic ajude a controlar a alta do dólar e a pressão inflacionária.
Expectativas para o Mercado Brasileiro: Cortes de Gastos e Riscos Fiscais
Além das políticas monetárias, o mercado brasileiro segue atento às discussões sobre os cortes de gastos públicos. A recente série de reuniões entre ministros para definir o pacote de cortes alimenta as expectativas de redução do risco fiscal, essencial para manter a estabilidade do câmbio. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comunicou que essas reuniões podem resultar em medidas ainda nesta semana, o que alivia a pressão sobre o dólar.
Perspectivas para o Dólar: O Que Esperar?
A vitória de Trump coloca o dólar em uma posição favorável para valorização no longo prazo, especialmente com a manutenção dos juros americanos elevados. No entanto, a forte alta inicial e a posterior queda para R$ 5,67 indicam que o mercado ainda avalia os próximos passos. O dólar turismo, utilizado para compras e viagens, também caiu abaixo de R$ 6, um alívio para os consumidores brasileiros.
Conclusão
A vitória de Donald Trump nas eleições americanas gerou uma série de movimentações no mercado financeiro global e no Brasil. Com uma política protecionista e a possível elevação dos juros americanos, o dólar tende a se manter forte, embora o mercado brasileiro tenha se mostrado resiliente com o ajuste na Selic e a expectativa de cortes de gastos públicos. Para os próximos meses, os investidores estarão atentos à continuidade das políticas econômicas tanto nos EUA quanto no Brasil, à medida que buscam alternativas para enfrentar a alta dos juros e a pressão inflacionária.
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