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E aí, pessoal? Já pararam para pensar como o dólar tem dado o que falar ultimamente? Parece que a gente vive em uma montanha-russa cambial, com a moeda americana subindo e descendo sem pedir licença. Mas calma, respira fundo, que hoje vamos desmistificar essa história do dólar e entender por que ele anda tão “salgadinho” para o nosso bolso.
O Dólar e a Montanha-Russa da Economia
Uma Visão Geral do Cenário
Primeiro, vamos colocar os pingos nos “is”: o dólar não está brincando em serviço. Se você achava que o câmbio já tinha atingido o pico lá na crise de 2015/2016, prepare-se para uma surpresa. Em termos reais – ou seja, corrigindo pela inflação –, a moeda americana está mais cara do que naquela época.
Para ilustrar, em setembro de 2015, o dólar atingiu R$ 4,1450 (valor nominal). Ajustando esse valor pela inflação dos Estados Unidos e do Brasil, ele corresponderia a aproximadamente R$ 5,08 nos dias de hoje. E onde estamos atualmente? Em R$ 6,19, de acordo com o último fechamento. Ou seja, mais de um real de diferença. É como se o dólar tivesse recebido um impulso extra para disparar na cotação.
O Passado Não é Exatamente Como o Presente
Mas atenção, a valorização do dólar não é a mesma em todos os momentos. Durante a crise que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a moeda americana teve um salto de 62% entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016. Agora em 2024, esse aumento é de cerca de 25%.
Essa diferença nos leva a uma reflexão: não é só sobre o valor do dólar, mas também sobre o contexto em que esse valor se manifesta. É como comparar a velocidade de dois carros: um pode estar mais rápido, mas o outro pode ter acelerado mais em determinado trecho.
O Que Está Por Trás da Alta do Dólar?
O Espelho da Economia
Sabe aquela história de que o câmbio reflete a saúde da nossa economia? Pois é, ela não é clichê à toa. Como explica Sergio Vale, economista da MB Associados, o câmbio é um termômetro que mede nossas dificuldades fiscais. É como se ele dissesse: “Atenção, a situação da dívida pública não está nada boa!”.
Infelizmente, nos últimos anos, a dívida pública brasileira tem apresentado uma piora contínua. Em 2016, por exemplo, a situação fiscal era menos crítica do que a atual. É como se estivéssemos em uma corrida onde o corredor brasileiro não está conseguindo manter o ritmo, enquanto outros parecem ter mais fôlego.
Um Breve Passeio Pelo Passado
Entre 2015 e 2016, o Brasil enfrentou uma de suas piores recessões, com quedas no PIB (Produto Interno Bruto) de 3,8% e 3,6%, respectivamente. Mas em 2023, o PIB brasileiro subiu 3,2%, com uma expectativa de crescimento de 3,49% em 2024. Ou seja, a economia deu uma respirada, mas a dívida pública continuou crescendo em ritmo mais acelerado.
Em 2016, a relação dívida/PIB era de 69,8%, um salto de 13,6 pontos percentuais em relação a 2014. Em outubro de 2024, esse número já estava em 77,8% do PIB, e a projeção é que chegue a 84,1% em 2026. É como se estivéssemos construindo um castelo de cartas cada vez mais alto, com o risco de desabar a qualquer momento.
Resalvas Importantes
Adriana Dupita, economista da Bloomberg Economics, nos lembra que essa comparação entre os períodos requer ressalvas. Segundo ela, muita coisa daquela época não entrava nas contas oficialmente, e o resultado primário hoje está melhor. Além disso, hoje temos um arcabouço fiscal, que apesar de não ser perfeito, traz mais ordem às contas públicas.
E qual a conclusão? O dólar mais caro hoje do que na crise da década passada é um sinal de estresse no mercado. Para Adriana, a alta do dólar atual parece “descolada dos fundamentos”, como se estivesse andando na contramão da lógica econômica.
O Cenário Externo Entra em Cena
A Força do Dólar no Mundo
Nicholas McCarthy, do Itaú Unibanco, compara o cenário atual com o de 2015, mas destaca um cenário externo mais turbulento hoje. Naquela época, a China crescia a um ritmo de 10% ao ano, o que impulsionava a alta das commodities e equilibrava nossas contas externas.
Hoje, o dólar está forte no mundo todo. Segundo dados do Fed, a moeda americana está no seu segundo maior valor global da história, perdendo apenas para a década de 1980, quando os juros americanos chegaram a 20% ao ano. É como se o dólar fosse o “rei da cocada” no cenário internacional.
O Dólar e a Economia Americana
Gina Baccelli, também do Itaú Unibanco, explica que o crescimento da economia americana e a expectativa de que os juros permaneçam altos estão mantendo o dólar valorizado. É como se o dólar fosse um ímã, atraindo o dinheiro de outras moedas. Para se ter uma ideia, o euro, uma das principais moedas do mundo, está no seu menor valor desde 2022 em relação ao dólar.
O Efeito Trump
Outro fator que impulsiona o dólar é a possibilidade de vitória de Donald Trump nas próximas eleições americanas. A expectativa é que seu governo impulsione a atividade e gere inflação, levando a juros mais altos e um dólar mais forte. É como se estivéssemos em um jogo de dominó, onde a queda de uma peça pode desencadear uma série de reações em cadeia.
O Real e a Liquidez
Adriana, da Bloomberg, lembra que o real é uma das moedas mais líquidas dos mercados emergentes, o que o torna um veículo de apostas. Nem sempre as grandes variações no câmbio brasileiro são causadas por fatores domésticos. É como se o real fosse um alvo fácil para investidores que buscam lucrar com a volatilidade do mercado.
Um Mergulho no Passado para Entender o Presente
A História da Desvalorização do Real
É importante lembrar que a maior desvalorização do real ocorreu após a adoção do câmbio flutuante. Em janeiro de 1999, após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, a política de paridade cambial chegou ao fim, e o dólar disparou. Foi como se tivéssemos aberto a porteira para o dólar correr solto.
Antes disso, o Banco Central atuava para manter o real próximo do dólar, o que era uma forma de controlar a inflação. Mas como diz Adriana, congelar o câmbio não é ideal, pois ele ajuda a absorver choques externos. Em 1998, por exemplo, a Selic chegou a 45% ao ano, mostrando os custos de uma política cambial fixa.
O Governo FHC e a Desvalorização do Real
O governo FHC foi o que teve a maior desvalorização do real, com um aumento de 320,5% entre 1995 e 2002. O momento de maior estresse foi durante as eleições que levaram Lula à presidência pela primeira vez, quando o dólar atingiu R$ 4,00, um valor inédito para a época.
Corrigindo esses valores pela inflação, o dólar chegaria a R$ 8,48 hoje. Ou seja, para bater o recorde de maior valor desde o Plano Real, ele ainda precisaria subir mais 37%. É como se o dólar tivesse um longo caminho pela frente para alcançar seu pico histórico.
O Que Aconteceu com o Real Nos Governos Anteriores?
Lula e a Valorização do Real
Após assumir o governo, Lula conseguiu dispersar os receios dos investidores com a manutenção de medidas econômicas do antecessor e a responsabilidade fiscal, e o real começou a se valorizar. Em seus dois primeiros governos, o dólar caiu 53%.
A entrada de dinheiro no país e a expansão da economia, com a queda da dívida pública e resultado primário positivo, foram os principais fatores para essa valorização. É como se o Brasil tivesse encontrado a fórmula mágica para atrair investidores e fortalecer sua moeda.
O Grau de Investimento e a Entrada de Dólares
Em meio a esse bom momento econômico, o Brasil recebeu grau de investimento, o que aumentou a entrada de capital estrangeiro (e dólares). Como diz Adriana, quando Lula fez uma política pró-mercado, ele sustentou o real, o que foi fundamental para o bom momento econômico daquele período.
O Que Podemos Esperar do Futuro?
A Necessidade de um Choque de Confiança
Para McCarthy, do Itaú, o atual momento pede uma ação semelhante à Carta ao Povo Brasileiro, na qual Lula se comprometeu com a sustentabilidade fiscal do país. É como se o Brasil precisasse de um novo pacto de confiança para reconquistar a credibilidade dos investidores.
Segundo o economista, estamos em um ciclo vicioso negativo que precisa ser revertido. Precisamos de um choque de confiança e credibilidade fiscal para reverter esse quadro. No passado, Lula fez esse compromisso e as coisas “voaram” no governo.
O Risco de um Dólar a R$ 7
O mercado prevê que o dólar pode continuar acima de R$ 6 caso não haja um corte significativo nos gastos. O BTG Pactual alerta, inclusive, que esse patamar pode se manter se medidas fiscais rigorosas não forem adotadas.
Segundo o banco, ações do governo que contornem o Orçamento, intensifiquem mecanismos parafiscais ou envolvam intervenções no mercado cambial podem levar o dólar a ultrapassar essa barreira. É como se o mercado estivesse dizendo: “Se vocês não fizerem o dever de casa, o dólar vai subir ainda mais!”.
O Que Dizem os Economistas?
Adriana discorda dessa visão mais pessimista. Para ela, a cotação atual do dólar, em torno de R$ 6,20, já é alta demais. Mas como ela mesma diz, “só o tempo dirá quem está certo”.
Conclusão
E aí, o que acharam dessa viagem pelo mundo do dólar? Deu para perceber que a história é bem mais complexa do que parece? A alta da moeda americana não é um evento isolado, mas sim um reflexo de uma série de fatores, tanto internos quanto externos.
Como diria aquele amigo que entende tudo de economia: “O câmbio é como um termômetro do nosso país. Se ele sobe, é sinal de que algo não vai bem”. E agora, depois de toda essa explicação, esperamos que você esteja mais preparado para entender essa dinâmica e tomar decisões financeiras mais conscientes.
Agora, que tal compartilhar esse artigo com seus amigos e familiares? E não se esqueça de deixar seu comentário com dúvidas e sugestões! Afinal, juntos, podemos entender melhor o mundo que nos cerca. E lembre-se: o conhecimento é a moeda mais valiosa que existe!
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