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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve comparecer à cerimônia de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para 20 de janeiro em Washington D.C. A ausência de Lula é baseada na tradição diplomática dos EUA que, por norma, não convida chefes de Estado estrangeiros para eventos de posse presidencial, reservando as cadeiras a representantes diplomáticos locais. Essa tradição possibilita ao Brasil evitar qualquer desconforto político que pudesse surgir com a presença de Lula em um evento marcadamente simbólico para a direita política mundial.
1. Diplomacia e Tradição nos EUA
A tradição diplomática americana estabelece que nações estrangeiras enviem seus embaixadores como representantes em cerimônias de posse, evitando a presença de chefes de Estado. Essa prática, reiterada pelo governo americano e confirmada por fontes ligadas ao governo brasileiro, permite que o Brasil mantenha uma postura de neutralidade política, especialmente em um contexto de tensões internas e externas que envolvem as relações Brasil-EUA.
2. Contexto Político e o Ex-presidente Jair Bolsonaro
No entanto, essa diplomacia não impede figuras políticas que não ocupam cargos oficiais de se fazerem presentes na cerimônia. Bolsonaro, ex-presidente brasileiro e conhecido aliado político de Trump, manifestou desejo de comparecer ao evento, embora sua presença dependa de uma permissão judicial concedida pelo ministro Alexandre de Moraes. Essa questão se deve ao fato de que Bolsonaro teve seu passaporte retido por conta de investigações judiciais que seguem em curso. Em entrevista, Bolsonaro expressou otimismo quanto à sua presença e, de maneira irônica, questionou a possibilidade de Lula ser convidado.
3. Apoiadores de Bolsonaro e o “Novo Direitismo” Latino-Americano
Além do ex-presidente, a ala de apoiadores bolsonaristas no Congresso já se organiza para marcar presença na capital americana, demonstrando um alinhamento com o movimento de “direita global”. Essa caravana ecoa a recente mobilização para a posse de Javier Milei, presidente eleito da Argentina e expoente da direita no país. Tais movimentos evidenciam o crescente apoio a Trump em setores da política latino-americana.
4. Parabéns de Lula a Trump e o Tom Diplomático
A postura de Lula em relação a Trump, mesmo não participando da posse, foi sutil e diplomática. Em uma declaração pública, ele parabenizou o republicano pela vitória, destacando a importância do diálogo e do trabalho conjunto entre nações. Essa mensagem reforça o tom de respeito às instituições democráticas e ao processo eleitoral nos EUA, ainda que Lula, no passado, tenha manifestado um posicionamento distinto e favorável à então candidata Kamala Harris.
5. Mudança de Retórica
Lula, durante a campanha eleitoral americana, se mostrou publicamente inclinado a apoiar Harris, em função de seu compromisso com os ideais democráticos e os desafios impostos pela administração Trump, sobretudo em temas como a invasão ao Capitólio. Em uma entrevista à mídia francesa, o presidente brasileiro criticou os resquícios do autoritarismo na política global, mencionando Trump como exemplo de lideranças que teriam corrompido o conceito de democracia americana. Esse posicionamento anterior coloca em destaque a estratégia diplomática adotada por Lula ao parabenizar Trump e ao optar por uma postura reservada frente à sua posse.
6. Implicações para a Relação Brasil-EUA
A decisão de Lula de não comparecer à posse evita o risco de criar uma narrativa de polarização e garante que o Brasil mantenha uma postura de independência em um momento no qual a política externa visa, cada vez mais, alianças com múltiplas frentes. O cenário favorece uma política de moderação e neutralidade nas relações exteriores, reforçando o compromisso do governo com a democracia e a diplomacia.
Conclusão
O Brasil, ao manter a prática de enviar apenas o embaixador local à posse de Donald Trump, reafirma seu compromisso com a diplomacia e com o respeito às tradições estabelecidas. Lula permanece focado em uma política externa que visa a paz e o diálogo, ao passo que Bolsonaro e seus apoiadores buscam aproximar-se de Trump e fortalecer o novo direitismo latino-americano. Dessa forma, o evento de posse marca mais do que uma simples transição de governo nos EUA: revela os diferentes interesses e alinhamentos políticos entre Lula e Bolsonaro.
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