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A partir de 1º de abril de 2025, fazer compras em sites internacionais como Shein, Shopee e outras plataformas de e-commerce vai pesar bem mais no bolso. Isso porque o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) estadual sobre produtos importados será reajustado, elevando a tributação total para até 100%. Esse aumento tem gerado muitas dúvidas e polêmicas. Afinal, por que esse aumento está acontecendo e como ele afeta o consumidor? Vamos entender os detalhes.
Entendendo o Contexto: O Que é o ICMS e Como Ele Afeta Compras Online?
O ICMS é um imposto estadual aplicado sobre a circulação de mercadorias e serviços. Ele já fazia parte do cálculo de produtos importados, mas agora será majorado de 17% para 20%. Embora o aumento pareça pequeno, a forma como o ICMS é calculado amplifica significativamente o impacto no bolso do consumidor.
Cálculo “Por Dentro”: O Vilão da Complexidade Tributária
No Brasil, o ICMS é cobrado de maneira peculiar: ele incide sobre ele mesmo e também sobre outros tributos, como o Imposto de Importação. Essa técnica, chamada de cálculo “por dentro”, faz com que o percentual efetivo do imposto seja maior do que o valor nominal divulgado. Por exemplo:
- Situação atual: Um produto de R$ 300, com ICMS de 17% e Imposto de Importação de 20%, chega ao consumidor por R$ 433,73.
- A partir de abril de 2025: Com ICMS de 20%, o mesmo produto custará R$ 450.
Esse aumento pode parecer pequeno para itens baratos, mas faz uma diferença brutal em produtos mais caros, como eletrônicos e gadgets.
Quem Sai Perdendo e Quem Sai Ganhando?
O Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda (Comsefaz) justificou o aumento como uma forma de proteger o comércio interno e a indústria nacional. No entanto, especialistas discordam dessa visão otimista.
O Impacto no Consumidor
Para consumidores das classes C, D e E, a situação é especialmente preocupante. Segundo uma pesquisa da Plano CDE:
- 46% das pessoas dessas classes não substituem produtos importados por similares nacionais quando os preços sobem.
- 44% das pessoas decidiram parar de comprar produtos importados desde agosto de 2024, quando o Imposto de Importação foi aumentado.
Essa tendência não só reduz o acesso a itens desejados, mas também limita a diversificação de consumo, especialmente em itens de tecnologia e vestuário.
O Benefício Para os Estados
Os principais beneficiados são estados e municípios, que repartem o ICMS arrecadado. No entanto, o aumento de receita não está necessariamente ligado ao fortalecimento da indústria nacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributção (IBPT), o governo deveria priorizar a redução da carga tributária das empresas brasileiras em vez de aumentar os impostos sobre os importados.
Comparativo: Quanto Realmente Vai Custar?
Vamos a um exemplo prático:
Produto | Sem Impostos (R$) | Situação Atual (R$) | A partir de Abril/2025 (R$) |
---|---|---|---|
Vestuário (US$ 50) | 300 | 433,73 | 450 |
Eletrônicos (US$ 200) | 1.200 | 1.801 | 1.920 |
Esse aumento é ainda mais significativo para produtos de maior valor agregado.
E os Produtos Nacionais?
Apesar da promessa de proteger a indústria nacional, o aumento do ICMS não resolve a principal reclamação dos consumidores: o preço alto e a baixa qualidade de muitos produtos fabricados no Brasil. Além disso, o incentivo à produção local não é automático, como explica Diego Zacarias dos Santos, da Contabilizei. “Restrinjo o acesso ao importado, mas não entrego alternativas viáveis. Isso é um problema.”
Como Economizar em Tempos de Alta Tributária?
Se você é adepto de compras internacionais, é hora de se planejar:
- Compre antes de abril de 2025: Se houver algo que você queira muito, aproveite as taxas atuais.
- Pesquise alternativas locais: Embora nem sempre sejam equivalentes, alguns itens podem ser encontrados a preços competitivos no mercado nacional.
- Aproveite promoções: Fique de olho em datas como Black Friday, onde descontos podem amenizar o impacto dos impostos.
Conclusão: Estamos no Caminho Certo?
A alta do ICMS sobre importados levanta uma questão importante sobre a política tributária brasileira. Em vez de apenas aumentar impostos, seria mais justo reduzir a carga tributária para estimular a competitividade das empresas nacionais. Para os consumidores, resta se adaptar e buscar alternativas, mas não sem criticar a falta de transparência e as escolhas que impactam diretamente no acesso a produtos de qualidade.
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